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"Comentários de rodapé do sêfer Torá"

"Comentários de rodapé do sêfer Torá"


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  "COMENTÁRIOS DE RODAPÉ DO SÊFER TORÁ"

-Parashá de Bereshit-

 

 

  CAPÍTULO 1

 

1 . NO PRINCÍPIO - Os primeiros capítulos do Gênesis narram os primordios da Criação. por serem muito profundos, é difícil compreender todo o seu conteudo sem um conhecimento prévio dos ensinamentos da Torá, conforme foram revelados no Talmud e na Cabalá.

 

NO PRINCÍPIO - Bereshit (por causa de Reshit): O Talmud proclama que o Universo não teria sido criado se não fosse pelo mundo espiritual, pela palavra Divina, pela Torá, chamada Reshit, princípio de tudo (Pessachim 68). Criou Deus - Elohim (Deus) tem, em hebraico, a forma plural para indicar que Deus compreende e unifica todas as forças infinitas e eternas. E para que não se pense que são muitos deuses, o verbo Bará (criou) foi empregado no singular, imediatamente depois de Elohim.

 

O exegeta Abraham Ibn Ezra (089 - c. 1164) argumenta que esta palavra não é nada além de um plural magestático concebido pelo homem devido às múltiplas e ilimitadas manifestaçôes de Deus. (E)

 

OS CÉUS E A TERRA - No primeiro versículo do Gênesis, vemos a intenção evidente de dar ao homem a consciência de que tudo se deve a Criação Divina. Os mitos antigos atribuem a existência do mundo ao resultado das lutas dos múltiplos deuses, ou como nascido da casualidade e do capricho. Porém, a Torá quer nos mostrar o Universo como a expresão da vontade Divina ( na linguagem da Cabalá, Tisimtisum); a Criaçaõ como princípio de tudo, e não a Criação em si, mas a Providência  - isto é, Deus - como Criador, Legislador e Condutor do Universo.

 

2 . VÃ - Assim é interpretado pela tradução aramaica de Onkelos, enquanto o exegeta Rashi (Rabi Shelomo Yits' chaki, 1040-1105) explica que a palavra Tóbu (vã) significa assombro e consternação pela vacuidade (vazio) em que se encontrava a terra.

 

E O ESPÍRITO DE DEUS SE MOVIA - Para a maioria dos tradutores é difícil traduzir estas palavras, que têm um sentido difícil de captar por nosso limitado entendimento. segundo Rashi, significam que o trono Divino movia-se por ordem de Deus e por meio de alento (Ruach) exalado por sua boca, sobre a face das águas, aparentemente para dar o alento da vida à matéria inanimada (ref; Gênesis 2:7 e Isaias 42:5). A tradução aramaica Ionatan Ben Uziel diz: "... e o espírito de misericórdia procedente de Deus soprava sobre a face das águas."

 

SOBRE A FACE DAS ÁGUAS - Rashi propõe que o primeiro versículo de Gênesis seja traduzido assim: "1 No princípio, ao criar Deus os céus e a terra 2 a terra era vã etc.", pois a Escritura Sagrada não quer mostrar aqui a ordem da Criação; a prova disso é que o fim do segundo versículo sugere que as águas já existiam antes dos céus e a terra.

 

5. DIA UM - Muitos doutores da Lei tratavam de conciliar a data da era hebraica com as últimas descobertas científicas, que revelam, baseadas no "relógio de Urânio" ou "atômico", ou seja, na desintegração das substâncias radioativas das rochas, que a terra tem, aproximadamente, 4 bilhões de anos. Seus esforços foram inuteis. Então, para conciliar a Escritura Sagrada com a ciência, podemos até admitir que um dia da Criação não equivale a um dia ordinário, e sim, a um longo período de tempo, conforme descreve o rei David no Salmo 90: " Pois mil anos em Teus olhos são como o dia de ontem, que passou, e como uma vigília noturna." Apesar disso, os judeus religiosos atêm-se nas Escrituras Sagradas e contam os anos a partir dos dados bíblicos. Estes indicam estarmos hoje no ano 5772 (2012).

 

8. DIA SEGUNDO - Segundo Rashi, a expresão "E viu Deus que era bom" foi omitida ao termíno da criação do segundo dia, pois ela só foi concluida no terceiro dia. Assim, uma obra inacabada não podia ser qualificada de "boa". Além disso, no terceiro dia quando ela termina e outra é iniciada e concluida, o versículo repete esta frase duas vezes. (E)

 

DIA SEGUNDO - Segundo Rashi, os céus - criados no primeiro dia - estavam em estado fluido. No segundo dia, os céus se solidificaram criando uma divisão entre as águas de cima e as águas de baixo. De acordo com Nachmânides, a separação foi entre os aspéctos totalmente espirituais da Criação e o mundo material que circuda o homem, inclusive os mais distantes pontos do sistema solar. Ele diz ainda que o firmamento e as águas de cima e de baixo estão entre os mistérios da Criação que não podem ser conhecidos pelo homem, ou cuja explicação deve ser limitada àqueles qualificados a conhecê-las. Já outros exegetas comentam que o termo "firmamento" se refere a atmosfera que envolve a Terra.

 

13. DIA TERCEIRO - Conforme o costume sefaradita, aqui termina a leitura do Cochen (o primeiro a ser chamado à Torá) no sábado.

 

21. GRANDES PEIXES - Os antigos babilônios acreditavam que os deuses criaram o mundo depois de uma árdua luta entre os fabulosos dragões que haviam precedido à Criação. A Torá ensina que mesmo estes são produtos da Criação de Deus. É por este motivo que no relato do Gênesis nenhum animal é designado particularmente, exceto os Taninim, que significam também dragôes.

 

24. QUADRÚPEDE - A referência da Escritura, aqui, é específica aos quadrúpedes domésticos.

 

26. FAÇAMOS HOMENS - Antigamente era costume entre os reis e grandes personalidades empregar o plural "magestático" ao falar de si mesmos (ref; 2 Samuel 24:14); o Midrash (Bereshit Rabá 8), porém, comenta que Deus se aconselhou com os anjos sobre a conveniência de criar o homem ou não.

 

À NOSSA IMAGEM - Maimônides (1135-1204), em sua obra O Guia dos perplexos, destingue dois conceitos Tsêlem (Forma) e Demut (Semelhança), de Tôar (Aspecto) e Tavnit (Configuração). Tôar e Tavnit significam a figura material, enquanto Tsélem e Demut a forma espiritual. A Torá, ao indicar Tsélem e Demut, define o espírito e nos confronta com um dos princípios básicos do judaísmo. Não se pode elevar a Deus por intermédio da matéria, Tôar e Tavnit (ref: Isaias 44:13), e sim por meio do espírito, Tsélem e Demut. Somente assim o homem pode aproximar-se de Deus.

 

27. À SUA IMAGEM - Com a imagem criada por Deus para formar o homem, o que não significa a imagem própria de Deus, pois Deus não tem forma alguma, como está explicado nos treze princípios da fé de Maimônides. "En lo Demut Haguf, Veeno Guf"(Ele não tem nenhuma forma , é incorpóreo).

 

À IMAGEM DE DEUS O CRIOU - O homem foi criado com semelhança espiritual de Deus.

 

Nachmânides (1194-1270) interpreta estas palavras como "imortalidade do homem". Outros opinam que esta sentença se refere ao fato de que só o homem possui autoconciência, isto é, ele sabe que vive e que deve morrer. Geralmente é aceita a interpretação de Rashi, que entende nesta expressão "o privilégio do raciocínio", a capacidade de observar a realidade e deduzir conclusões racionais. O filósofo Saadia Gaon (882-942) sugere que " a imagem de Deus se refere ao domínio do homem sobre a terra, assemelhando-se ao Criador. Os atributos de inteligência e de domínio expressam a mesma qualidade, ou seja, a capacidade criativa do homem." (MD)

 

MACHO E FÊMEA CRIOU-OS - No capítulo 2:21, a Escritura conta em detalhes como Deus fez para criar a mulher, sem qualquer contradição entre ambas as passagens.

 

30. PARA COMER - A pricípio, Deus concedeu ao homem comer verduras e frutas, e aos animais ervas. Mais tarde, porém, permitiu-lhe comer também a carne de animais (ref: Gênesis 9:3).

 

CAPÍTULO 2

 

1. TODO SEU EXÉRCITO - Segundo Nachmânides, a palavra hebraica Tssevaán inclui a terra com seus reinos vegetais e animal, os corpos celestes, os luminares, as estrelas e também os seres espirituais, inclusive a alma dos seres humanos. (E)

 

2. E CESSOU - Antes de formar, no sexto dia, o homem, o ser mais importante da Criação, Deus preparou-lhe o máximo de conforto e felicidade. O sol, a lua e as estrelas para iluminar o seu caminho; as flores para gozar de seus perfumes; os passáros para entoar-lhes os seus cânticos harmoniosos, e todos os bens da terra para desfrutar deles segundo o seu desejo.Faltava dar-lhe o exemplo do Shabat (sábado), o dia em que devia dedicar-se ao repouso do corpo e da alma, ao regozijo e a elevação do seu espírito. "E Deus descançou e abençoou o sétimo dia".

 

3. PORQUE NELE CESSOU TODA SUA OBRA - A observância do Shabat é o sinal que testemunha que o Eterno é o Criador do Universo e que completou Seu trabalho no sétimo dia. Nós, entretanto, devemos abster-nos de todo trabalho criativo no sábado para demonstrar que não somos os donos deste mundo, mas somente os servidores de Deus para cumprir os seus mandamentos.

 

PARA FAZER - Deus criou tudo do nada e "para fazer", ou seja, para ser um elemento produtivo.

 

4. ETERNO DEUS - Aqui aparece pela primeira vez o nome Ado-nai (Eterno), ou seja, o Tetragrama, composto pelas letras  י-ה-ו-ה. O uso de dois nomes Divinos juntos - Ado-nai Elohim - vem nos ensinar sobre o equilibrio entre justiça e misericórdia. de acordo com os sábios do Talmud, o primeiro invoca Midat Harahamim, o atributo de misericódia de Deus, enquanto o segundo  Midat Hadin, o atributo de justiça de Deus. ensina-nos o Midrash: "Assim disse o Santíssimo, bendito seja: Se Eu criar o mundo com atributo de misericórdia, haverá muitos pecadores, porém, se o criar com o atributo de justiça, como o mundo poderá subsistir? Por isso, criarei o mundo com ambos em conjunto, e tomara que ele perdure." (E)

 

5. ANTES QUE GERMINASSE - Deus havia criado as raízes das ervas no terceiro dia da Criação, mas estas não cresceram o suficiente porque ainda não havia chovido. Deus criou no terceiro dia as plantas, as árvores e os frutos, e no quarto dia os astros, isto para demonstrar Seu poder fazendo a terra fecundar mesmo sem o calor do sol.

 

7. PÓ DA TERRA - O fato de ter criado Deus um homem só, formando-o do pó da terra, ensina, segundo o Midrash, que não deve existir orgulho, desigualdade de origem, linhagem e casta entre os homens; ninguém pode chamar ao seu semelhante de estrangeiro, pois pertence, como ele, à mesma terra (Ialcut 15).

 

O Talmud enfatiza este aspécto: " A humanidade foi criada com Adão, um único ser humano, para nos ensinar que todo aquele que destroi uma única vida humana é considerado, aos olhos do Criador, como se destruisse o mundo inteiro, e aquele que salva uma única vida humana, como se salvasse o mundo inteiro. A raça humana começou com um único indivíduo, com o objetivo de preservar a paz entre os homens, para que ninguém possa afirmar que 'o meu antepassado é mais antigo que o teu', e para que o herege não possa alegar que existem muitos poderes celestiais." (MD)

 

15. PARA CULTIVAR - Ainda no Paraíso, Deus ordenou ao homem cultivar o jardim, porque aquele que evita o trabalho, sem criar nem produzir, deixa de representar a imagem do Criador.

 

18. O HOMEM SÓ - A Torá condena o celibato. O homem é obrigado a contrair matrimônio desde a idade de dezoito até vinte anos, se assim o pode fazer (Maimônides, sêfer Hamistivot; Talmud, Kidushin 29). Porém, o homem que tem de abandonar o estudo da Torá para procurar manutenção, fica isento desta obrigação até formar uma situação; pois segundo o Talmud, o homem deve primeiro preparar o lar, plantar uma vinha (estabelecer trabalho) e, depois, casar. (Sotá 44 e Maimônides, Hilchot Deot).

 

"Quem não tem esposa, vive sem alegria e sem benção"(Talmud, Iebamot 62). "O solteiro é considerado meio corpo," (Zohar). Muitos provérbios dos sábios do Talmud referem-se ao respeito e ao amor devido à mulher: " Ame o homem a sua mulher como a si mesmo, e a honre mais que a si mesmo" (Talmud, Iebamot 62). "Aquele que se casa com mulher virtuosa é como se cumprisse todos os preceitos da Lei" (Ialcut Rute, 606).

 

23. A ESTA SERÁ CHAMADA MULHER - O casamento no judaísmo é uma instituição Divina. Sua celebração não necessitava, na antiguidade, de intervenção de profeta ou de doutor da Lei. Era um ato sagrado ao qual nenhum rito necessitava acrescentar nada em santidade ou importância. Com o tempo, quando o casamento muitas vezes se tornou um negócio, uma especulação, uma reunião de fortunas em lugar de uma reunião de almas, uma associação de interesses em lugar de uma fusão de virtudes, os chefes da religião, temendo ver este mandamento degenerar em promiscuidade  dos sexos, instituíram uma consagração religiosa particular e prescrições obrigatórias, baseadas na Lei escrita e na Tradição, das quais devia depender a validade do casamento.

 

Quando Deus criou o primeiro homem, Ele o chamou de Adám, mas depois de dar-lhe sua companheira, Ele o chamou de Ish (esposo) e a ela Ishá (esposa). O Altíssimo colocou nele Seu Nome Iá ( a letra י em Ish, איש, e a letra Hê ה em Ishá, אשה ),

 

dizendo: "Se eles andarem nos meus caminhos e observarem os meus mandamentos, Meu Nome estará com eles; Eu os preservarei dos males e das aflições. Caso contrário, Eu lhes retirarei Meu Nome e serão um para o outro Êsh אש, um fogo devorador."

 

Na escolha de uma esposa é preciso considerar, dizem nossos doutores, a virtude e a piedade da pessoa e, sobretudo, as dos pais e irmãos (Baba Batra 110), e não sua fortuna e posição social. Assim, a felicidade doméstica é infalivelmente assegurada.

 

CAPÍTULO 3

 

3. NEM TOCAREI NELE - A proibição era só não comer. O exagero da mulher propiciou sua queda.

 

7. SOUBERAM QUE ESTAVAM NUS - Segundo o Or Hachaim (Rabino Chaim ben Atar 1696-1743), não foi a nudez fisica de ambos que lhes causou vergonha, e sim a transgreção cometida. Foi isto que gerou neles - homem e mulher - vergonha, e a necessidade de esconder-se. (E)

 

11. ACASO DA ÁRVORE DE QUE TE ORDENEI NÃO COMER DELA, COMESTE? - O saudoso mestre, o Grão-Rabino de Viena, Prof. Chajes, perguntou quando estudavamos no Seminário sobre a narração das duas ávores do Paraíso: a ávore do saber (Ets Hadáat) e a da vida (Ets Hachaim). "Sera que Deus prefere gente ignorante? Porque, assim como foi evitado que Adão e Eva comessem da árvore da vida, poderia também ter sido obstruído o gozo da árvore do saber, o que não foi contra a vontade Divina; então, qual é a razão da explicação, do Gan Edén?" E Rav Chajes responde: "O pecado consistia em terem comido de uma fruta madura que eles não plantaram, para a qual não contribuíram em nada, nem esforço e menos ainda cuidado. cada ser humano deve aspirar à sabedoria, mas ela tem que ser obtida com esforço próprio, pois somente o pensamento independente do homem, o reconhecimento pessoal, o aprofundamento individual no estudo, tem valor e prevalece." (MD)

 

12. DEU-ME DA ÁRVORE E COMI - O capítulo 3 nos fala do pecado original e da responsábilidade moral do ser humano. Deus concedeu ao homem a liberdade para escolher entre o bem e o mal, ou seja, o livre arbítrio. Em sua famosa obra Os Oito Capítulos, Maimônides escreveu que tudo pode estar no poder de Deus, exceto o livre arbítrio. Este fato é demonstrado no trecho de Caim, do Dilúvio, de Sodoma, e em outras incontáveis vezes, em toda a Bíblia.

 

21. FEZ VESTIR - A Torá tem no seu princípio um ato de caridade. " E fez o Eterno Deus para o homem e para sua mulher túnicas de péle e os fez vestir". E no fim, um outro: " E sepultou-o (Deus a Moisés) no vale, na terra de Moab" (Deuteronômio 34:6) (Ialcut 23). "A beneficência é uma das coisas sobre a qual se sustenta a humanidade." (Midrash Ialcut). "Não concideres jamais  que tenhas praticado beneficência demais, pois tu te beneficias cada dia da magnanimidade de Deus" (Reshit Chochma). "Mais do que o rico faz com o pobre, o pobre faz com o rico, dando-lhe oportunidade de fazer uma boa obra" (Midrash Ialcut Rut 604).

24. E EXPULSOU O HOMEM - De acordo com Rashi, Deus lamentou o pecado e suas consequências, pois Adão tornou impossível para Deus mantê-lo no jardim do Éden. Ao comer da árvore do conhecimento, o homem tornou-se "como um de Nós", significando que se tornara único entre os seres terrestres, como Deus é único entre os seres celestiais, pois agora o homem podia diferenciar entre o bem e o mal, qualidades que os outros seres não tinham. Porque o homem adquiriu esta habilidade e seu desejo de gratificação sexual acentuou-se, surgiu um novo perigo. Se o homem mantivesse a capacidade de viver para sempre, ele poderia passar seus dias buscando o prazer, deixando de lado o crescimento intelactual e as boas ações. Assim, ele falharia na obtenção da felicidade espirirtual que Deus lhe planejou. Deste modo, segundo Nachmânides, o home teve de ser expulso do Éden para que ele não tivesse oportunidade de comer o fruto da Ávore da Vida e tornar-se imortal.

CAPÍTULO 4

3. DO FRUTO DA TERRA - Deus recebeu a oferenda de Abel porque ele a fez de bom grado, escolhendo o melhor de seus rebanhos, o que não aconteceu com Caim, que ofereceu  com descuido o mais comum dos frutos da terra. A Deus não interessa a oferernda em si, mas a sinceridade dos sentimentos.

7. MAS TU PODES DOMINÁ-LOS - Ao descer à sepultura, teus pecados te acompanharão, a não ser que te arrependas. Se sucumbires à tua inclinação para o mal, a punição e o mal estarão sempre por perto, como se morassem na casa visinha. (E)

SEU DESEJO - A inclinação para o mal deseja tentar-te continuamente, mas tu podes dominá-la - tu podes sobrepor a ela se quiseres, porque tu podes corrigir teus caminhos e afastar o pecado, Deste modo, Deus ensinou a Caim que o homem pode sempre se arrepender e Deus estará sempre pronto a perdoá-lo. (E)

8.  E DISSE CAIM A ABEL - Palavras de briga, cheias de cólera, que a Torá não menciona pois provavelmente eram carentes de sentido, belicosase vasias de qualquer aregumento lógico. Ao omití-las, a Torá nos ensina que elas não podem nem racionalizar e nem justificar um assassinato. (E)

15. QUEM MATAR - Rashi explica as palavrras "Por isso quem matar Caim sete vesez será vingado" da seguinte maneira: "Por isso, agora quem matar Caim, será castigado, pois somente após sete gerações ele poderá ser castigado por ter matado Abel," De fato, no versículo 23, é feita alusão ao fato de que Lémech, durante a sétima geração de Caim, matou involuntariamente a este e a seu próprio filho, Tubal-Caim.

16. E SAIU CAIM DA PRESENÇA DO ETERNO - Em toda parte onde ele estava, parecia que todos o olhavam com inimizade; acreditava ouvir, a cada momento, a voz do castigo: "Que fizeste?" (vide a poesia L'oeil de Cain, de Victor hugo). "Para onde irei eu a fim de ficar longe de teu espírito? E para onde fugirei da Tua presença? Se subo ao céu Tu lá estás e, e se me prostro no inferno, nele também Te encontras presente: se eu tomar as asas da aurora e habitar nas extremidades do mar, ainda lá me alcançarása Tua mão, e me susterá a Tua destra!" (Salmo 139:7-10).

17. E CONHECEU CAIM A SUA MULHER - Rashi comenta que Eva deu a luz Caim junto com uma irmã gêmea, que ele depois veio a desposar. Em Gênesis 5:4 consta que Adão gerou filhos e filhas. Sabemos que nos primórdios do desenvolvimento da espécie humana ocorria o casamento entre irmãos, mais tarde proibido pela Torá. (E)

21. ELE FOI PAI -  A Torá cita as primeiras artes praticadas pelo gênero humano. Iubal foi o mestre da música da lira e da harpa, e Tubal Caim, artífice em trabalho de cobre e ferro. Numerosas passagens da Bíblia destacam o gosto musical do povo judeu. Os principais instrumentos usados naquele tempo são: o Tof, que era uma espécie de tambor: "E tomou Miriam, a profetisa,... o adufe (Tof) na sua mão e saíram todas as mulheres atrás dela..." (Êxodo 15:20); o Nebel, uma espécie de lira de 10 ou 12 cordas, traduzido para o latim Nablium, o Chalil, flauta; o Shofar, trombeta de chifre; a Chatsotserá, trombeta usada pelos sacerdotes; os Menaneim e Tseltselim ( 2 Samuel 6:25), que são uma espécie de cimbalos; por fim, o Kinor, espécie de lira de 8 a 10 cordas, simbolo da alegria, do qual o rei David era o grande mestre e, com sua arte, levava consolo aos tormentos morais e espirituais do rei Saul ( 1 Samuel 16:16).

22. AÇACALADOR - Segundo Rashi, "Lotésh Col Chorésh" refere se ao artesão que afia e lustra artefatos de cobre e ferro, um tipo de serralheiro e polidor dos nossos dias. O açacalador realiza ambas as atividades. (E)

23. POR CONTUDI-LO - Conta o Midrash que sendo Lémech cego, saia a caçar com seu filho Tubal-Caim, que o guiava e indicava a presença da caça. O menino confundiu Caim com algum animal e foi assim que Lémech o matou com uma flechada. Ao perceber o seu erro, feriu a si próprio e um dos golpes atingiu a cabeça de seu filho, matando-o também. Por isso, suas mulheres o acusavam de duplo assassinato e Lémech se desculpou.

CAPÍTULO 5

1. ESTAS SÃO AS ORIGENS - O Gaon de Vilna (1720-1797) divide a Torá em três partes: a primeira narra a criação do céu e da terra; nada neste mundo se fez só ou ocasionalmente; tudo é produto da ordem Divina, nada é caótico,. Acima de todos os elementos, muito antes que tivessem contribuido para a Criação do Úniverso, já pairava o grande e incompreensível Espírito de Deus que os criou e dominou. A segunda parte, que se inicia aqui, relata a história geral da humanidade: como foi criado o primeiro homem e as fases do seu desenvolvimento para tornar-se aquilo que é hoje. E a terceira, onde a Torá descreve como começou esta curiosíssima, atormentada e grandiosa história do povo judaico. (MD)

17. OITOCENTOS E NOVENTA E CINCO ANOS - Nachmânides explica porque as pessoas viviam tanto naquela época. Adão, como uma obra realizada pelas próprias mãos de Deus, era fisicamente perfeito, assim como seus filhos. Deste modo, era natural para eles uma vida longa. Depois do Dilúvio, uma deterioração da atmosfera causou o encurtamento gradual da vida, até que, na época dos patriarcas, as pessoas normais passaram a viver entre setenta e oitenta anos, enquanto os mais pefeitos espirituais viviam mais.

22. E ANDOU ENOCH COM DEUS - A expresão hebraica "andar com Deus" significa "levar uma vida correta". Como se o homem fosse acompanhado pelo seu Criador, que é a fonte da verdade e da justiça. Expresão igual foi usada a respeito de Noé (capítulo 6:9) e de Abrahão (capítulo 17:1).

 24. PORQUE O TOMOU DEUS - Estas palavras significam literalmente "morrer", pois morrer é ser recuperado por Deus, em cujo seio está a vida eterna. Assim disse Jó ao receber a notícia da morte de seus filhos: "O Eterno os deu, o Eterno os tomou"; seja bendito o Nome do Eterno." (Jó 50:21) Os cabalistas rodeiam de mistério a morte de Chanoch, o que serve de base para o mistissismo judaico. Também o Sefer Haiashar fala sobre o desaparecimento misterioso de Chanoch.

32. E FOI NOÉ - Noé foi a décima geração apartir de Adão, este morreu no ano 930 da Criação. Shet nasceu no ano 130 e morreu no ano 1042; Enosh (235-1140); Kenan (325-1235); Mahalalel (395-1290); Iéred (460-1422); Chanoch (622-987); Matusalém (687-1656); Lémech (874-1651); e Noé (1056-2006). Ou seja, Noé nasceu 126 anos depois da morte de Adão, que chegou a conhecer seu "neto" Lémech (E)

CAPÍTULO 6

2. E VIRAM OS FILHOS DOS SENHORES -  a palavra Elohim é singular quando se refere a Deus, Criador de tudo. Significa "juízes" como em Êxodo 21:30; "anjo" em Salmos 82:6; "ídolos" Êxodo 20:3. Segundo Rashi, neste versículo significa "filhos dos senhores e dos juízes", porque o termo Elohim implica sempre em julgamento. Também as versões em aramaico de Onkelos e Ionatan ben Uziel traduzem Bene Haelohim como "filhos dos grandes".

FILHAS DO HOMEM - Maimônides comenta que eram as filhas da população comum, as de clases baixas, que não tinham forças para resistir a seus superiores. A Torá, portanto, começa a narrativa da tragédia falando sobre a dominação dos fracos pelos poderosos.

O resultados destes casamentos foi que a descedência de Shet seduzidas pelas propostas de uma cultura depravada e sem fé em Deus, e sofreram a condenação que destruiu a espécie humana (E)

TOMARAM PARA SI MULHERES DE TODAS AS QUE ESCOLHERAM - A expresão "de todas", aparentemente surpérflua, nos ensina, segundo Rashi, que temos aqui um caso de perversão sexual, onde os homens, além de mulheres casadas, tomavam estas mulheres contra a vontade delas - e a Torá, relata isto como uma injustiça. (E)

3. SERÃO OS SEUS DIAS CENTO E VINTE ANOS - Por intermédio de seu atributo de misericórdia (Midat Harahamim), Deus da mais uma oportunidade ao homem: a humanidade terá um prazo de cento e vinte anos para mudar de atitude e reparar o dano causado por sua perversão e mau comportamento. (E) 

5. MAFTIR - Última pessoa chamada à Torá no sábado, para quem são relidos os versículos finais da Parashá (ou outro trecho específico, quando ocorre alguma efeméride) e que é convidada a ler a Haftará.